terça-feira, 13 de abril de 2010

UM ESTUPRO A CADA ESQUINA

Em cada esquina um bar, em cada bar um menor de idade, em cada copo um drink de estupro moral a preceder a prostituição do corpo e da mente, eis o retrato deprimente dos descaminhos que vêm marcando a existência social de dezenas de crianças e adolescentes itapecuruenses. Não constitui segredo para ninguém, que a sociedade itapecuruense vem passando por um processo de marginalização constante, a proliferação do tráfico de entorpecentes está patente aos olhos das autoridades constituídas.

O alcoolismo é um carcoma que vem se espalhando no corpo social, e a ausência de políticas públicas eficientes no incentivo a práticas esportivas e culturais, são aspectos complementares que se harmonizam na construção gradual de um caminhar por sendas tortuosas que fazem os ilustres filhos mortos de nosso torrão natal se revirarem em seus túmulos envergonhados por ver as pedras miúdas de nossos caminhos manchadas pelo sangue inocente de nossas crianças.Pois, elas são as vítimas que mais sofrem na conjuntura deste quadro social degradante.

Poderemos alimentar expectativas de uma sociedade mais justa e igualitária, onde a cultura, a tecnologia e a ciência voltem a ser cultivados por nosso povo, quando as crianças de hoje se viciam em noia, maconha, álcool e se prostituem sem que nada de efetivo seja feito para aplacar essa tragédia?

O conselho tutelar de Itapecuru – Mirim, é um elefante branco presenteado às novas gerações por nossa própria postura de acomodação, não se vê em nenhuma festa a presença destes conselheiros, vemos sim adolescentes de 13, 14, 15 anos, abrilhantando as mesas dos Herodes que preparam o abatedouro de suas consciências miseráveis para a matança de nossos inocentes ao final das festas. Quem nunca ouvira relatos de adolescentes miseravelmente apelidadas de “PIRIGUETES”, que segundo relatos de alguns mantém relações sexuais com vários homens de uma só vez?

É esta a sociedade que estamos construindo? São estes os valores familiares que estamos transmitindo de forma velada ao continuarmos vivendo com a indiferença da língua trancafiada entre os dentes? Até quando? Talvez, e em Deus esperamos que não, até o dia em que este carcoma exale seu odor peculiar na sala de estar de nossos lares, entre a Bíblia aberta quem ninguém lê e o crucifixo diante do qual ninguém se persigna! Por que as autoridades policiais e o judiciário não investigam e desmantelam essa quadrilha de tráfico de drogas que se implantou em Itapecuru – Mirim?

Ouve-se pelas ruas itapecuruense da existência de dezenas de bocas de fumo só na sede de nossa cidade, ouve-se de patrimônios espúrios que se revelam em toda a envergadura de sua grandeza da noite pro dia e por que esses pontos de tráfico de drogas não são destruídos? Existem interesses financeiros de pessoas revestidas de autoridade ou poder econômico na manutenção desta realidade? É o que dá a entender. Pois, sabe-se onde o tráfico é feito, por que não se toma uma atitude, atitude para o qual foi-se eleito ou com a qual assumiu-se o compromisso ao tomar posse de um cargo público?

Se as autoridades locais não têm condições de fazer a higienização da ameaça das drogas e da prostituição, por que a Polícia Federal, as forças armadas brasileiras, a ABIN, o FBI, a INTERPOL, a OTAN, as forças militares da ONU, MIB- homens de preto, o ogro Shrek, o Padre Quevedo, o Bispo Macedo, Bita do Barão, Inri Christi, Irmãos Coragem, Charles Bronson, Chuck Norris, Van Dame, Jet Li, Steven Seagal, Rambo, O Exterminador do Futuro, a Mulher Maravilha, o Superman, as Meninas super poderosas, Batman, Rita Kadilac, Tiazinha, Pit Bicha e Pit Bitoca, ou os extraterrestres de Steven Spielberg não são mobilizados?

...E a prostituição grassa em solo itapecuruense com o respectivo reflexo na saúde pública, manifesto na contaminação de adolescentes com o vírus HIV, com a gravidez de dezenas de adolescentes sem a mínima estrutura psicológica e financeira de arcar com a responsabilidade imensa da maternidade. Não é fácil para mim que me orgulho de ser itapecuruense expor de forma nua e crua essa realidade, mas é algo necessário pois, meu amor por minha terra não me permite contemplar calado seu caminhar intimorato para os círculos dantescos deste inferno social chamado drogas e prostituição.

O conselho de segurança do município de Itapecuru – Mirim recentemente empossado pelo secretário de segurança do estado tem muito trabalho a realizar, esperamos que não seja mais uma iniciativa nobre e elevada que termine como as CPIs de Brasília que famigeradamente acabam em pizza.

UM ESTUPRO A CADA ESQUINA

Em cada esquina um bar, em cada bar um menor de idade, em cada copo um drink de estupro moral a preceder a prostituição do corpo e da mente, eis o retrato deprimente dos descaminhos que vêm marcando a existência social de dezenas de crianças e adolescentes itapecuruenses. Não constitui segredo para ninguém, que a sociedade itapecuruense vem passando por um processo de marginalização constante, a proliferação do tráfico de entorpecentes está patente aos olhos das autoridades constituídas.

O alcoolismo é um carcoma que vem se espalhando no corpo social, e a ausência de políticas públicas eficientes no incentivo a práticas esportivas e culturais, são aspectos complementares que se harmonizam na construção gradual de um caminhar por sendas tortuosas que fazem os ilustres filhos mortos de nosso torrão natal se revirarem em seus túmulos envergonhados por ver as pedras miúdas de nossos caminhos manchadas pelo sangue inocente de nossas crianças.Pois, elas são as vítimas que mais sofrem na conjuntura deste quadro social degradante.

Poderemos alimentar expectativas de uma sociedade mais justa e igualitária, onde a cultura, a tecnologia e a ciência voltem a ser cultivados por nosso povo, quando as crianças de hoje se viciam em noia, maconha, álcool e se prostituem sem que nada de efetivo seja feito para aplacar essa tragédia?

O conselho tutelar de Itapecuru – Mirim, é um elefante branco presenteado às novas gerações por nossa própria postura de acomodação, não se vê em nenhuma festa a presença destes conselheiros, vemos sim adolescentes de 13, 14, 15 anos, abrilhantando as mesas dos Herodes que preparam o abatedouro de suas consciências miseráveis para a matança de nossos inocentes ao final das festas. Quem nunca ouvira relatos de adolescentes miseravelmente apelidadas de “PIRIGUETES”, que segundo relatos de alguns mantém relações sexuais com vários homens de uma só vez?

É esta a sociedade que estamos construindo? São estes os valores familiares que estamos transmitindo de forma velada ao continuarmos vivendo com a indiferença da língua trancafiada entre os dentes? Até quando? Talvez, e em Deus esperamos que não, até o dia em que este carcoma exale seu odor peculiar na sala de estar de nossos lares, entre a Bíblia aberta quem ninguém lê e o crucifixo diante do qual ninguém se persigna! Por que as autoridades policiais e o judiciário não investigam e desmantelam essa quadrilha de tráfico de drogas que se implantou em Itapecuru – Mirim?

Ouve-se pelas ruas itapecuruense da existência de dezenas de bocas de fumo só na sede de nossa cidade, ouve-se de patrimônios espúrios que se revelam em toda a envergadura de sua grandeza da noite pro dia e por que esses pontos de tráfico de drogas não são destruídos? Existem interesses financeiros de pessoas revestidas de autoridade ou poder econômico na manutenção desta realidade? É o que dá a entender. Pois, sabe-se onde o tráfico é feito, por que não se toma uma atitude, atitude para o qual foi-se eleito ou com a qual assumiu-se o compromisso ao tomar posse de um cargo público?

Se as autoridades locais não têm condições de fazer a higienização da ameaça das drogas e da prostituição, por que a Polícia Federal, as forças armadas brasileiras, a ABIN, o FBI, a INTERPOL, a OTAN, as forças militares da ONU, MIB- homens de preto, o ogro Shrek, o Padre Quevedo, o Bispo Macedo, Bita do Barão, Inri Christi, Irmãos Coragem, Charles Bronson, Chuck Norris, Van Dame, Jet Li, Steven Seagal, Rambo, O Exterminador do Futuro, a Mulher Maravilha, o Superman, as Meninas super poderosas, Batman, Rita Kadilac, Tiazinha, Pit Bicha e Pit Bitoca, ou os extraterrestres de Steven Spielberg não são mobilizados?

...E a prostituição grassa em solo itapecuruense com o respectivo reflexo na saúde pública, manifesto na contaminação de adolescentes com o vírus HIV, com a gravidez de dezenas de adolescentes sem a mínima estrutura psicológica e financeira de arcar com a responsabilidade imensa da maternidade. Não é fácil para mim que me orgulho de ser itapecuruense expor de forma nua e crua essa realidade, mas é algo necessário pois, meu amor por minha terra não me permite contemplar calado seu caminhar intimorato para os círculos dantescos deste inferno social chamado drogas e prostituição.

O conselho de segurança do município de Itapecuru – Mirim recentemente empossado pelo secretário de segurança do estado tem muito trabalho a realizar, esperamos que não seja mais uma iniciativa nobre e elevada que termine como as CPIs de Brasília que famigeradamente acabam em pizza.

UM BALAIO DE OLHARES

Hoje é Segunda-Feira, dia da semana no qual a zona comercial de Itapecuru – Mirim recebe a tradicional Feira ao ar livre na qual as pessoas vão comprar de roupa e calçados a brinquedos por um preço mais acessível a suas condições financeiras, as faces se multiplicam com a vinda de centenas de itapecuruenses da zona rural, alguns para tentar fazer empréstimos, outros para consultar-se, transeunte em pleno processo de investigação existencial ando por ali, vou do canto do posto de táxi Nossa Senhora das Dores à Praça da Saudade disfarçando observar algo para comprar, fito olhares, observo palavras, banho-me de um sol causticante para tentar entender o outro, e assim compreenda a mim mesmo, teço das fibras da minha impressão um balaio de olhares, vejo dor, alegria, saudade, esperança, tento absorver o aprendizado da simplicidade da vida.

Mas que mensagem pode um olhar revelar? O que posso eu absorver ao tentar penetrar a mística deste balaio de olhares itapecuruenses? Quais os significados simbólicos e místicos que perpassam essa instância de manifestação das paixões da alma a olho nu? Segundo Chevalier e Gheerbrant(Dicionário de Símbolos,2009) “O olhar dirigido lentamente de baixo para cima é um signo ritual de benção nas tradições da África Negra. O olhar é carregado de todas as paixões da alma e é carregado de um poder mágico que lhe confere uma terrível eficácia. O olhar é o instrumento das ordens interiores: Ele mata, fascina, fulmina, seduz, assim como exprime.”

Os olhares que habitam as faces dos itapecuruenses trazem mais perguntas que respostas, trazem o prenúncio de um sorriso, esboçado quando do encontro casual de um conhecido ou parente, trazem também a semeadura de lágrimas entristecidas que se insinuam sem rolar pela face. A propósito das significações místicas que habitam o olhar Angelus Silesius afirmara que “a alma tem dois olhos; um olha para o tempo, o outro está voltado para a eternidade”. Segundo Chevalier e Gheerbrant, a mesma expressão olho da alma, do espírito ou do coração podem ser encontradas em Plotino, Santo Agostinho, São Paulo, São João Clímaco e São Gregório de Nazianzo, nestes dias nos quais o desemprego parece impregnar centenas de olhares itapecuruenses, o olho que se volta para o tempo parece entregar-se à desilusão de falsas promessas.

Se a alma itapecuruense acha-se com um dos olhos vazados pelas lanças da humana dor das mazelas sociais e do desemprego agravado pelas recentes demissões, só resta ao olho que se volta para a eternidade, na fé que move o maquinismo de tantos corações, continuar perpassando as existências com o horizonte de alguma esperança.

Enquanto centenas de mães e pais itapecuruenses choram a exoneração, a se perguntar como haverão de restituir o pão à mesa de seus filhos o balaio de olhares de uma segunda – feira revela o conteúdo que habita o seu interior e assim como em culturas indígenas abre-se os olhos das estátuas sagradas para vivificá-las, abre-se o balaio de olhares e uma visão profética parece insinuar-se.

Assim como se dizia e não se acreditava que o Rio Itapicuru haveria de se tornar um caminho de boiada, o pós-enchente de 2009 parece o prenuncio desta catástrofe ambiental, a cidade que é vivificada nos olhares de seus filhos, parece um CEMITÉRIO DE OSSOS SECOS, com direito a homens – gabirus, leilão subliminar de vaginas, prostituição infanto-juvenil e tráfico de drogas. Só resta aos deuses que carregam esse balaio de olhares nos ombros substituir o cemitério de ossos secos que nele germina pela semeadura da esperança de dias melhores, nós contritos ou evasivos, compenetrados ou revoltados, a Deus ou a Oxalá, havemos de ficar repetindo antes de dormir a prece de Hafiz de Chiraz(+ 1389) “É SOBRE O JOGO MÁGICO DO TEU OLHAR, QUE COLOCAMOS O FUNDAMENTO DE NOSSO SER”.

O OSSUÁRIO DA CULTURA ITAPECURUENSE

Um dos mais deprimentes quadros da vida cultural itapecuruense é o vergonhoso descaso das sucessivas gestões públicas municipais para com um dos mais importantes patrimônios históricos e arquitetônicos de Itapecuru – Mirim, a Casa da Cultura Profº João Silveira, cuja degradação paulatina e depredação silenciosa vem reduzindo-a a um cemitério de ossos secos e ao contrário de um projeto museológico que a modernizasse, o Ossuário da Cultura Itapecuruense constitui a maior vítima dos torturadores que insensíveis às coisas do espírito vergastam com o descaso e a indiferença esse prédio em particular e a cultura da terra de Gomes de Sousa de modo geral.

Mais revoltante que a depredação em si é ver a Escola de Música Joaquim Araújo sucateada no estertor da agonia derradeira, espremida em uma sala entre o mofo de livros de partitura corroídos pelas traças e a ferrugem dos velhos instrumentos. Perguntar onde se encontram as centenas de obras literárias que compunham uma rica biblioteca que o Ossuário da Cultura abrigava é uma interrogação vã, decerto não haverá de ser respondida, assim como o paradeiro das porcelanas e outros utensílios subtraídos...

...Se pela vil mão do peculato ou pela irresponsabilidade de seus gestores no transcurso dos últimos anos, saberá Deus ou o Diabo, o certo é que a cadeia velha onde o Negro Cosme esteve preso, não viu nos últimos anos por ocasião do Dia da Consciência Negra uma única manifestação relevante que envolvesse os afrodescendentes, sobretudo, das comunidades remanescentes de quilombos. É uma desgraça! Uma lástima! Como vem a ser as condições da Biblioteca Pública Municipal Benedito Bógea Buzar que não obstante os pedidos de reforma feitos pelos seus gestores – entre os quais eu fui o último – e de seu patrono ao prefeito municipal está às vésperas de desabar na corcunda dos usuários/funcionários.

Recebeu-se uma modernização do ministério da cultura em parceria com o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e a mesma constituída por centenas de livros e dez computadores se encontram devidamente encaixados a propósito de que a construção das bancadas que deverão acomodá-los ainda não tiveram sua construção autorizada, correndo o risco iminente de voltar para o Rio de Janeiro, a despeito dos desmedidos esforços do Dr. Benedito Buzar para que Itapecuru – Mirim fosse agraciada com essa modernização. Boa parte do acervo existente fora perdido nos últimos anos pelas chuvas que milagrosamente transformam o prédio que outrora fora conhecido como Bateau Mouche em um barco furado... Alagado pela água que escorre do miserável forro...

Cenários kafkanianos? Não! Absurdos como estes são reais e fazem parte de um inferno de Dante chamado Itapecuru – Mirim cuja etimologia já fora até mudada pela obra e graça de honoráveis cidadãos itapecuruenses titulados por membros da câmara de vereadores e cuja importância para o desenvolvimento de nossa cidade é tão relevante quanto o de quem fizera suas indicações.

E quando se fala em Secretaria de Cultura ainda são aventados nomes cuja irresponsabilidade demonstrada em cargos ocupados se conjuga a incompetência profissional e intelectual, enfim, uma verdadeira desgraça e tal como a recomendação do médico a Manuel Bandeira no poema Pneumotorax, só resta aos verdadeiros artistas e intelectuais da terra “dançar um tango argentino”!

Queira Deus sendo brasileiro e, por conseguinte amigo dileto de Mariana Luz por intercessão de Nossa Senhora das Dores iluminar estas cabeças de coprólitos(fezes petrificadas de animais pré-históricos) pois estamos quase a consolarmo-nos com as maiores obras literárias de um grande poeta babão, a saber os versos de “irretocável beleza”: “Essa não tem mais jeito” e “Agora é taca”!

FIDES ET RATIO


De nada vale o andor suntuoso
quando o ídolo de bronze formoso
sustenta-se sobre pés de barro
enquanto a saliva da prece faz-se escarro
expelido por um devoto tísico
cujo Deus ignora o corpo físico.

De nada vale o positivismo implacável
ou a falácia da neutralidade inexorável.
A crença cega na famigerada infalibilidade
ignora que a verdade é a negação da verdade
e a suposta neutralidade distingue seres inanimados
de homens que só existem ideologicamente situados.

A fé constitui uma linha geodésica
tão fantasiosa quanto patética.
A razão é uma senhora puritana
que manipulada deita-se em qualquer cama
Fé e razão fazem-se damas impostoras
Quando da verdade absoluta se dizem portadoras.

ISCARIOTES

Um beijo na face, a aflição do emblemático gesto
anteriormente acordado entre Judas e o pregador.
De que adiantaria de Iscariotes o protesto,
se Deus impusera-lhe o estigma de traidor?

Fora feliz Danton quando sentenciou
"Somos fantoches manobrados por forças desconhecidas."
Por essas e outras Lúcifer se rebelou
e Prometeu roubando fogo, ressignificou a vida.

Do fogo de Prometeu o gérmem da tecnologia.
De Lúcifer a invenção do teatro, literatura e cinema.
Judas porém preferiu a deplorável certeza de que escrevia
o desfecho de uma história da qual seria anátema.

NOTURNO ITAPECURUENSE

A lua que se manifesta no céu itapecuruense
possui a anatomia de uma lira ausente
não é tecida de algodão doce ou de queijo
tem a forma de um soneto e o sabor de um beijo.

Lua estonteante como deslumbrante musa
estrelas inebriantes como um cálice de sedução
a lingerie da noite é a cidade desnuda
Tapuia Itapecuru, minha intraduzível paixão.

os ventos que sopram, os pássaros noturnos
se co-irmanam em fabricar devaneios
o aedo tange à lira, seu cancioneiro soturno
Mariana aos fantasmas murmura mil anseios.

As avenidas contemplam os ébrios trôpegos
que anelam pelo conforto de seus lares
recolhem-se todavia, às calçadas, sôfregos
empanturrados pela mística das mesas dos bares.

As avenidas contemplam procissões de devotos
São Benedito e a padroeira Nossa Senhora das Dores
cujo manto agasalha os marginalizados ignotos
que amiúde transportam os luxuosos andores.

Os cães ladram famintos, os gatos miam sedentos
co-irmanados em pesadelos acalantar.
Souzinha geometriza seus temores e tormentos
mesurando o cosmos, lê a mente de Jeová.

Vagam na órbita das águas, sem luar
fantasmas tapuias, errantes guerreiros.
No Morro do Diogo , o Piaga sacode o maracá
invocando os espíritos de outros feiticeiros.

Soerguem-se sombras de imemoriais tempos
dançando no largo da matriz seu pocaré
o maracá do Piaga altera o curso dos ventos
nas alcovas do PTA nasce mais uma Salomé.

Batom lascivo, habitando lábios cândidos
calcinha-guardiã do sexo voluptuoso
perfume tão barato quanto os cânticos
pornográficos e o vocabulário indecoroso

que por debaixo do escarlate dos lençóis declina
a meretriz-fantasma de um PTA há muito sepultado
até o Cônego Albino Campos confessor dessa menina
ao ouvi-la sentiu seu voto de castidade ameaçado.

Do vigário entretanto, não maculemos a piedade
ele do alto da matriz observa entristecido
os itapecuruenses que segundo ele, ignoram a verdade
na verdade reinventam o significado da vida.

As madrugadas itapecuruenses segredam fatos
despachos, orgias, tráfico e adultérios
pelos olhos das venezianas, fatos noturnos desvelados
durante o dia fofocados, já não são mistérios.
A aurora traz a labuta, fadiga do corpo e da mente
a musa deixa o aedo, cala-se o noturno itapecuruense.