terça-feira, 13 de abril de 2010

A BAILARINA ITAPECURUENSE

A minha filha Cybelle Fonseca.

Dançar é falar com Deus através dos movimentos
do corpo. Quem dança, os males sem saber espanta.
Dançar é reinventar a leveza dos ventos.
Quem dança, as próprias dores, sem saber, acalanta.
A bailarina itapecuruense evola sua prece
quando rodopia nos palcos da vida.

Não podendo dançar eternamente, se entristece
não quer jamais envelhecer, ser sempre aplaudida.
Recolhe-se em seu íntimo, quanta solidão!
sua fada madrinha compadecida aparecendo lhe diz
- Faça um só pedido e voltar atrás não pode não
- Peço ad infinitum dançar, assim eu sempre quis,
mas me mantenhas jovem e bela como agora sou
- Que assim seja - disse a fada -se é isso que mais queres!
A bailarina em nova Cinderela se transfigurou.
Valsando entre musas, acima de todas as mulheres
o convívio no Parnaso com as musas, todavia,
com o transcurso do tempo foi se desgastando.

Todas as danças do cosmos dançado já havia.
A bailarina que no íntimo estava se cansando,
daria tudo para voltar a ser mortal!
Daria tudo para rever sua família e amigos!
Banhar no Rio Itapicurú, brincar no quintal
e sacudir a poeira dos brinquedos esquecidos...

A fada aparecendo-lhe, devolveu sua vida natural.
Entretanto, tudo havia mudado, o Rio Itapicurú
agora era um caminho de boiada, nada igual
havia, até o céu era cinza, fenecido todo azul
nada restara, que não fosse o vento sombrio
que dantes afagava a dançarina que ensaiava.
Só a presença da solidão preenchia o vazio
e o nada dessa paisagem se alimentava.

A bailarina itapecuruense arrependeu-se de pedir
a eternidade. Recolheu-se ao silêncio humildemente
e a melancólica canção do vento começara a ouvir
bailando decrépita, já encurvada e sem dentes.
A bailarina desabou onde as águas caminhavam
Já com a vista turva, sua fada madrinha identificou.
A fada cantou a canção de que mais gostavam
e bailaram pelo cosmos que o acaso musicou.

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